
Muricy Ramalho falou mais de uma vez publicamente sobre seu desejo de descansar ao final do contrato com o São Paulo, no fim do ano. Nessa época, teoricamente, Rogério Ceni já estará aposentado – o contrato do goleiro vai até o dia 5 de agosto. Uma das ideias do goleiro é estudar para ser treinador. Seria possível, então, vê-lo trabalhando ao lado de Muricy?
A pergunta foi feita ao comandante do Tricolor, que usou bom humor na resposta:
– Não sei se vai dar tempo de trabalhar com ele, porque quero dar uma descansada. Não sei também se ele vai virar técnico direto ou se vai se preparar antes. Não sei qual é o futuro dele. Mas quem sabe eu não viro auxiliar dele, né ? (risos) Aí ele vai ver o que é bom para a tosse.
Técnico dono da segunda maior marca de jogos à frente do São Paulo (469), atrás apenas de Vicente Feola (533), Muricy diz sonhar virar o treinador com mais partidas dirigindo o time. Para o comandante se aproximar do número, o Tricolor precisará fazer campanha perfeita nos torneios com mata-mata (Paulista, Libertadores e Copa do Brasil).
– Eu realmente não penso nessas coisas. Quando me mostram (os números) eu fico assustado. Dirigir um time desse tamanho todas essas vezes? Já está bom ser o segundo, porque passaram muitos treinadores de nome aqui. Consegui passar alguns deles em números de jogos. Você não pode se empolgar com os momentos e com as palavras, porque elas mudam rapidamente. Era um sonho meu chegar ao fim do ano e poder descansar um pouco. Quem sabe, com esse recorde de jogos pelo clube do meu coração – afirmou o treinador.
Para tornar esse sonho possível, Muricy sabe que precisará conseguir bons resultados, pois só assim será mantido no cargo pelo presidente Carlos Miguel Aidar. Depois do conturbado início de ano com troca de farpas públicas entre ele e o dirigente, o ambiente voltou a ficar tranquilo. Mas o bom momento do time, com quatro vitórias, não ilude o treinador.
– No futebol brasileiro existe parceria das pessoas, mas é dinâmico e eu não fico triste se isso muda. Se você não tem resultado, o cara que morreria abraçado com você vai deixá-lo sozinho, porque às vezes não dá para ele ir junto. Se eu falar algo diferente disso é hipocrisia. Eles (dirigentes) estão sempre comigo porque é obrigação deles e eu tenho de dar resultado. Estamos no Brasil, não na Inglaterra onde o técnico do Arsenal fica 10 anos sem ganhar nada e continua. Isso não existe aqui. Nada me assusta. Mas se assinaram o contrato é porque confiam em mim.